Uma rodada em Ribeirão Preto – a Capital Nacional da Cerveja
(O Estado) – Por história, o Rio de Janeiro é o primeiro. Por quantidade de cervejarias, Belo Horizonte ganha. Mas, que o título de capital nacional da cerveja pertence a Ribeirão Preto, ninguém duvida. As cervejas produzidas na cidade cruzaram as fronteiras locais há tempo, fazem bastante sucesso por todo o país, e começam a ser conhecidas também no exterior.
Desde 2012, a Colorado já embarcou 5 mil litros para a França – ela é vendida no Bon Marché, em Paris. Há dois meses, com rótulos traduzidos, o primeiro container com 18 mil litros de cervejas da Colorado chegou aos portos dos Estados Unidos, justamente o país que lidera a revolução da cerveja artesanal.
O relacionamento afetuoso entre a cidade e a bebida já tem mais de 100 anos. Para quem não é muito versado na história de Ribeirão Preto, muito provavelmente os dois primeiros nomes que vêm à cabeça ao pensar na cidade sejam Pinguim e Sócrates. Em comum entre os dois, a cerveja. O primeiro é o mais famoso fornecedor de chope local desde 1936. O segundo, célebre por seu futebol revelado ao mundo pelo Botafogo local, foi um entusiasmado consumidor até a sua morte em 2011, aos 57 anos.
Ambos ajudaram a colar na cidade o selo de “capital nacional da cerveja” e são de um tempo em que tudo que o ribeirão-pretano queria era uma bebida leve e refrescante, que ajudasse a atenuar o calor nesse canto do interior paulista, distante 319 quilômetros da capital.
Tão claro quanto o chope com o qual o Pinguim enche 1 milhão de tulipas todos os anos é o fato de que essa é apenas parte da história que teve início quando imigrantes italianos começaram a mergulhar lúpulo e cevada em águas leves, retiradas do reservatório subterrâneo aquífero Guarani, nos últimos anos do século 19. De lá para cá, muitas cervejarias nasceram, bares foram abertos e empórios passaram a abastecer os bebedores caseiros.
Tudo vinha em perfeita harmonia até que, em meados dos anos 1990, começaram a surgir cervejeiros que resolveram apimentar essa relação. Com suas panelas, tanques e muita ousadia, inundaram a cidade com novos sabores e possibilidades.
Penaram muito no início, mas, hoje, são os grandes responsáveis por fazer com que a cidade talvez beba menos, mas muito melhor. O Paladar foi a Ribeirão conferir, nas cervejarias e nos bares especializados da cidade, a origem do teor criativo que preenche seus copos.
(Reportagem: Edson Franco – Especial para o Estado. Foto: Patrícia Cruz))
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